4.12.04

SÁBADO, 4 DE DEZEMBRO DE 2004

À DESCOBERTA DE PORTO CÔVO...
Corria o ano de 1984 e as férias do Verão estavam quase a chegar. Nesse ano (e penso que por sugestão da Tia Teresa e do Tio João que já tinham estado em Porto Côvo com a Margarida) a Avó Maria resolveu levar os netos para umas férias especiais. Iria com a tia Maria João e a criançada todos para Porto Côvo.
A Avó era pessoa para ter aguentado por si só aquela aventura, mas só quem não conhece a Tia Maria João é que podia pensar que a Avó iria mesmo sozinha.
A Avó queria que os pequenos fossem sem os pais, mas acabou por não dispensar a companhia de quem já tinha sido coroada Mulher Ideal.
Pessoalmente, não me lembro da viagem, apenas da chegada. Tinha ouvido dizer que haviam praias com areias brancas e águas transparentes e que ia ser óptimo ir para lá.
Como éramos muitos, levámos uma tenda de campismo, e qual não foi o nosso espanto quando descobrimos que tinhamos de montar a tenda num pátio de... mármore. Foi uma aventura. Ainda por cima havia nesse pátio dois Serras da Estrela que só queriam brincadeira. Acho que eles também ficaram contentes de ter ali tanta criançada para lhes dar umas festas. Eram dum mergulhador que vivia paredes-meias com a nossa casa e com o qual partilhávamos o pátio.
Depois de nos instalarmos, pedimos licença à Avó e fomos todos juntos explorar a aldeia. Descemos a rua principal e ao fundo via-se o mar de que tanto ouvimos falar. Fomos andando e nos passeios haviam muitas tendas montadas. Pelo menos aquela gente tinha sorte de não dormir em chão de mármore, pois os passeios ainda eram em terra.
Eram estrangeiros. Todos. Alemães e italianos principalmente.
Andavam descalços e tinham uns cabelos muito estranhos. A roupa era seguramente a única que traziam para todos os dias em que iriam lá ficar.
O Grupo lá foi andando e desceu, desceu, até que deram com o Portinho.
Alguns barcos e pescadores foi tudo o que viram. Do lado esquerdo uma praia muito pequena dava passagem na maré vazia para a "margem sul" de Porto Côvo, a qual nunca tivémos muita vontade de explorar, a não ser uns anos mais tarde para levar uma certa menina a casa...
Pensámos que seria a única praia da aldeia.
Descalçámo-nos e testámos a temperatura da água. Era morna.
As areias brancas e águas transparentes deram lugar a pequenos calhaus que faziam doer os pés. A água era adoçicada e turva.
Tinham-nos enganado.
Apesar da frustração, ninguém se queixou e tomaram-se umas boas banhocas. Afinal era Verão.
À saída do Portinho, e por pura curiosidade, lembro-me que perguntámos aos pescadores que andavam a compôr os cóvos para a pesca, se por acaso não haviam outras praias um bocadinho mais "agradáveis". Quando nos indicaram o caminho certo para o que procurávamos foi uma alegria, pois afinal as "lendas" que nos contaram sempre eram verdadeiras.
No dia seguinte alguns de nós levantaram-se quase de madrugada para comprovar as tais indicações e saíram que nem umas flechas.
Correram pela rua principal e ao fundo viraram á direita.
Pouco mais à frente a estrada era toda em terra batida. Vimos imensas praias e todas mais bonitas do que aquelas que imaginámos e a água era mesmo transparente.
Voltámos a casa para dar as notícias a toda a gente.
Ao fim de 20 anos aquelas águas e areias ainda nos convencem a irmos lá passar uns dias em Agosto. É também a forma que encontrámos para agradecer à Avó Maria a possibilidade que nos deu de passarmos, todos juntos, as melhores férias de sempre.
Deixo-vos com algumas fotografias que ilustram bem a aldeia de Porto Côvo.
A fotografia da Avó com os netos é histórica.
Abraços e beijinhos a todos.
Bão.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Bão,

não querendo ser chata proponho-me como revisora ortográfica de quem quiser. Não me parece bem deixar para a posteridade boas histórias num português mais ou menos. Pode ser defeito de professora, mas ofereço-me na mesma e se quiserem vinguem-se nos presentes de Natal.

12:13 da tarde  

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